O Kelene, anestésico tópico à base de cloreto de etila, foi amplamente utilizado desde o fim do século XIX e popularizado na odontologia na década de 1960.
Este anestésico serviu principalmente para drenagens de abscessos dentários, proporcionando alívio imediato da dor e marcando um avanço na analgesia odontológica.
Contexto Histórico
O anestésico Kelene, à base de cloreto de etila, foi desenvolvido no final do século XIX pela empresa Gilliard, Monnet & Cartier. Tornou-se um dos primeiros anestésicos tópicos amplamente utilizados tanto na Europa quanto, posteriormente, no Brasil. Sua ação baseava-se na rápida evaporação do cloreto de etila, que, ao ser pulverizado sobre a pele ou mucosa, produzia um efeito de resfriamento intenso. Esse “congelamento” local entorpecia temporariamente as terminações nervosas, permitindo pequenas intervenções cirúrgicas com menor desconforto.
Na década de 1960, o Kelene era bastante popular em consultórios odontológicos e médicos, especialmente em situações emergenciais ou em casos de intervenções rápidas. Além de seu uso em odontologia, era também empregado em práticas médicas gerais, como punções e aplicações em lesões esportivas.
Uso na Prática Odontológica
Na odontologia, o Kelene foi fundamental principalmente em situações de drenagem de abscessos dentários com flutuação. O procedimento consistia em aplicar o anestésico tópico sobre a mucosa, causando dormência momentânea, realizar uma pequena incisão para permitir a drenagem do exsudato purulento proporcionando alívio imediato da dor, já que a pressão interna nos tecidos era reduzida.
Esse recurso era especialmente valioso em uma época em que os anestésicos injetáveis ainda não eram tão difundidos ou acessíveis em determinados locais. Assim, o Kelene representava uma solução prática e eficaz para o manejo da dor em situações de urgência.
Impacto no Desenvolvimento da Odontologia
O avanço na analgesia devido ao uso do Kelene ajudou a consolidar a ideia de que o paciente odontológico não deveria sofrer dor intensa durante procedimentos simples, preparando o terreno para a popularização dos anestésicos locais injetáveis. Desta forma, reduziu a insegurança dos dentistas que por um longo período sofreram com muitos pacientes que tinham verdadeiro pavor do consultório do cirurgião-dentista, possibilitando aliviar a dor mesmo em procedimentos curtos, o que foi um marco significativo para a odontologia.